quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Calmaria


Saí da minha palestra sobre empreendedorismo e a importância da importação de matéria prima sabendo uns 67% sobre o assunto, o que considero um numero bom já que passei as duas horas lendo um livro ótimo e respondendo mensagens no celular. Tudo ao mesmo tempo. Quando o auditório levantou pra aplaudir, eu catei minhas coisas pra ir embora, surpresa por ter acabado mais cedo do que eu imaginava. Enquanto caminhava pro local onde havia estacionado, fiquei pensando o que iria fazer na próxima hora em que teria de ficar esperando minha irmã sair da faculdade.

Estaciono pra terminar de ler meu livro? Vou ver meu namorado por uns 10 minutos na saída da auto escola? Vou embora comer?

Pautei as opções, e conclui que meus olhos estavam ardendo muito pra conseguir ler, o namorado não respondeu a última mensagem e eu não estava com tanta fome assim. Liguei as chaves e decidi ir pra um lugar tranquilo e bonito aqui da cidade. Foi um instinto, uma força exterior resolveu me levar pra lá.

Estacionei, deixei o celular, tranquei o carro e fui andando pros lados dos banquinhos que tem por lá. Um gramado enorme e verdinho, um lago que é grande o suficiente pra parecer infinito durante a noite e transparente o bastante pra fazer as luminárias em volta dele parecerem mais bonitas refletidas na água. Sentei por um minuto. O vento gelado se enfiava pelos furinhos da minha blusa, e eu sentia cada parte do meu corpo se arrepiar com frio, mas aquela a vista era incrível. E somente eu pra apreciar aquilo tudo. Seria desperdício ir embora.

Fiquei ali observando. Ouvindo ao longe as vozes agitadas das pessoas no barzinho que tem por perto. Olhando um casal no outro lado, no deck, inseridos num universo particularmente deles. Os patos se achegando na beira. Tudo orquestrado pra que minha alma fosse se aquietando.

De repente eu me vi de fora pra dentro. Tem tanta coisa acontecendo. Tanto compromisso. Tanto sentimento. Uma avalanche de novidades e de responsabilidades tem invadido minha vida e eu não estou conseguindo me achar mais. Não tinha me dado conta que o trem da minha vida tava se descarrilando e eu meio desastrada tentando fazer as coisas caminharem juntas sem pegar na direção.

A gente se perde no vazio e se perde também na multidão. E nem estou triste, confusa ou alguma coisa desse tipo, só que é muito. Muita felicidade acumulada. Muitas relações pra administrar. Muitos pensamentos soltos. Do fundo do coração, eu estou muito bem. Mas às vezes eu pareço criança que se perde da mãe no supermercado. E bate um desespero. Aí eu preciso de um tempo.

Tem horas que é bom sair de dentro de si e organizar tudo.

Cheguei em casa e os problemas estavam lá pra resolver, as contas pra pagar, o trabalho pra entregar. Não resolvi nada. O que eu fiz foi respirar. Sentir quem eu sou e pra onde quero ir. E se der, chegar inteira lá. Física, espiritual e acima de tudo, emocionalmente.


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