domingo, 20 de abril de 2014

Tão banal quanto uma nota no jornal


No ultimo sábado, durante um evento beneficente no clube Cantagalo, da cidade de Londrina-PR, o estudante de física Lucas Vale, 23, foi surpreendido por uma paixão repentina por volta das 22 horas. Segundo a vítima, ele estava acompanhando os pais, que são sócios e colaboradores do evento que acontece todos os anos na cidade, e no decorrer da festa cruzou o olhar com uma mulher estonteante que adentrava o salão. Lucas relatou que ficou ofegante logo que a viu, mas procurou não demonstrar maiores reações.

Testemunhas disseram que a moça usava trajes casuais, nada que chamasse demasiada atenção, mas uma confiança transbordava de seus olhos e isso instigou a maioria, alguns rapazes chegaram a dizer que seu sorriso iluminava toda a pista de dança. Perguntados sobre como conseguiram escapar da possibilidade de se apaixonarem por ela, confessaram que se sentiram intimidados com tamanho esplendor.

A bela garota se sentou com um grupo de pessoas, pediu um drink e parecia se divertir as custas dos olhares de todos no local. Lucas reconheceu um dos amigos dela e se direcionou até ele, cumprimentou- o, e olhou com certa curiosidade para a mesa, o amigo em comum os apresentou e em seguida o estudante de física a tirou para dançar. Eles foram vistos deixando o evento entre 2 ou 3 horas da madrugada, ele sorrindo muito e ela vestindo uma jaqueta marrom que possivelmente seria da vítima.

No dia seguinte, Lucas acordou sozinho com um bilhete em letras garrafais do lado da cama: "DESCULPE PELO ESTRAGO, NUNCA É ESSA A MINHA INTENÇÃO". Logo apos passarem a noite juntos, ela saiu sorrateiramente sem deixar pistas. Segundo o relato da família do rapaz, ele encontra- se perdido ( metaforicamente), frustrado e visivelmente apaixonado.

A investigação do caso colheu depoimentos de pessoas próximas da referida mulher, e chegou a conclusão que a mesma tem ciência de seu poder sobre boa parte da parcela masculina, e usa o artificio para se divertir em noites frias como a do ultimo sábado. Psicólogos apontam que a causa desse desvio de afetividade, provavelmente é resultado de inúmeras decepções amorosas no passado da acusada.

Lucas Vale parece se recuperar, e demonstrou isso aconselhando os amigos por meio de uma postagem na tarde de domingo, citando Caio F. de Abreu: "Se algumas pessoas se afastarem de você, não fique triste, isso é resposta da oração: “livrai-me de todo mal, amém”.

Apesar de serem muitos os atingidos pela belíssima mulher, naquele sábado, Lucas foi o único ferido, o restante passa bem.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Faz sol com você, faz sol sol sem você, mas eu prefiro com


Antes de você ir embora, deixa eu te pedir só mais uma coisa: fica.

Quando olhei sua silhueta na sombra, do lado de fora da porta, eu não entendi nada. Sabe, não fez sentido nenhum aquilo ter quebrado, você ter indo embora, nos dois não ter dado certo. Foi o filme que a gente assistiu? Aquela cena do adeus inspirou você? Me diz, foi durante a briga da semana passada pelo controle remoto, foi por que eu ganhei aquela aposta? Me dá uma resposta curta amor, sim ou não. Mas não vai assim, não sai á francesa que meu coração fica pequeno demais, e a dor ocupa espaço rapidinho. Eu sei que nosso tempo foi tão bonito, não estraga tudo sem me dar um motivo. Usa a gentileza que eu sei que cê tem, volta aqui e me conta tudo. Juro que não vou chorar, não vou pedir pra ficar, só que eu te amo demais pra deixar cê ir embora e me roubar de mim mesma. Senta aqui um minuto, vai. Mesmo que cê não queira me dizer os motivos de ir, vem aqui um segundo meu bem, deixa eu falar com você. Deixa eu te falar da gente.

Desde do dia que me disse que a melhor coisa do mundo é ouvir Cazuza num domingo tranquilo, todo trecho de mpb que eu ouvia de madrugada teve um direcionamento especifico, e você sempre soube. Parecia matemático pra todo mundo, eu e você era tipo 2 mais 2. Por que diabos você enfiou tantas letras nessa equação? Ficou difícil cara. Mais pra você do que pra mim, eu sei. Encaixei cada pedacinho solto meu num espaço vão que eu encontrei em você. É egoísta demais, eu sempre quero tudo pra mim e só. Mas poxa, não me culpe por querer tanto ser feliz da minha maneira. Eu sei que pisei em algumas flores do seu canteiro, mas lembra que eu fui lá e plantei tudo outra vez? 

Olha amor, você também não é fácil não tá? Nem pensa que cê vai sair assim sem nem um adeus decente, como se eu fosse a carrasca da história. Não foi nada mole aguentar sua grosseria nos dias que seu chefe tava com a macaca. E te dizer um milhão de vezes que tava na hora da sua mãe te tratar que nem gente grande? Cê acha que foi legal? Que teve um gostinho doce? Teve não meu bem, foi quase tão amargo quanto tomar seu café nas madrugadas que a gente ficava filosofando sobre a vida a lá Nietzsche.


E olha aí, você ri né? Tá vendo meu amor? Você ri. Como é que pode cê querer se mandar de perto da unica mulher que faz suas covinhas aparecem tão facilmente desse jeito? Eu te faço bem meu amor, eu sei. Tô te pedindo os motivos pra você bater a porta, pegar as malas e ir, e você não balbucia uma unica frase completa, que faça algum sentido. E sabe por que? Tem muito mais de bom na gente, do que de picuinha de casal. Você tá cansado, e eu também tô. Mas vem cá, deita no meu colo um segundo que eu te canto uma musica engraçada pra você relaxar. E do resto meu bem, a gente vai resolvendo por aí. No meio do seu café amargo, ou do meu cházinho doce, mas junto tá amor? Junto.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lua de sangue


Faz uns meses que eu não faço ideia do que acontece no mundo. Dar o start na vida adulta resulta em tempo de menos e problemas de mais, é um pouco deprimente pensar que a minha estrutura craniana tem passado tanto tempo criando relatórios e refletindo como consigo engordar e emagrecer rápido quando estou preocupada.

Ter a cabeça cheia de coisa chatinha é tão bom quanto tomar uma xícara de café quente (considerando que eu odeio café, entendam). Isso faz com que eu enxergue minha vida como uma rotina programada e automaticamente pare de  notar coisas que sempre me fizeram bem, e que continuam acontecendo em volta dos meus dias.

Tipo as borboletas coloridas no jardim da minha mãe que nessa época do ano, dançam num espetáculo incrível no final da tarde. Ou o jeito engraçado que as estrelas se arrumam no céu negro. O sabor de um salgado tipico, o meu cabelo crescendo depressa. E do meio de um sonho, ele. Aquelas linhas que se formam quando ele ri. A barba por fazer. O moletom que me lembra tanto a nossa época inocente.

Eu recebi um sms ontem, tarde da noite. Me pedindo pra ir ver a lua. Li o nome dele abreviado na minha tela e os cantos da minha boca se ergueram como um reflexo de tudo que envole um garoto magrelo que não sabe o que quer. Larguei o celular, olhei pro teto do meu quarto e forcei a mente pra tentar entender o que diabos ele quer. De novo.

Queria que a preguiça de levantar da cama de madrugada se misturasse com a preguiça de montar esse quebra cabeça complexo que ele faz questão de ser. Mas ser adulto faz você domar a preguiça e sair pra trabalhar, malhar, estudar. Ou somente sair na noite fria de maio e olhar pra uma lua que começa branca e vai ficando vermelha devargazinho, e que todo mundo diz que é a lua de sangue. Mas eu insisto em achar que é de amor. Fazer o que, sou dessas.

O eclipse demora um tempinho e faz a gente pensar em quanto tempo estamos dispostos a esperar pelo o que é bonito e raro de verdade. Talvez essa seja a peça da vez, e eu deva encaixa- la de um jeito que eu saiba que meu tempo é diferente do dele.

Opa, outro sms. Olha, ele acha que a cor da lua lembra mais o amor do que o sangue. Claro que sim amor, eles que são tolos em pensar o contrário disso.