quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Crise dos 20 anos


Abri os olhos torcendo pra ser domingo. Olhei pro relógio, e eu  ainda tinha cinco minutos pra dormir. Fechei os olhos e tentei lembrar de mim mesma alguns anos atras. Eu sonhava em ser estágiaria em uma daquelas agências legais de filme americano, onde as pessoas são estilosas, e depois do trabalho vão pra algum lugar beber e rir da velha que atende as ligações. Eu me lembro de chegar do colégio e correr pra minha cama, me esticar do melhor jeito, abrir meu livro preferido e passar horas a fio lendo o enredo perfeito. Ou simplesmente colocar meus fones e sentar na varanda pra olhar o sol, ao som de algum melô adolescente da época.

Em que parte da historia aquela garota se perdeu no meio dos seus próprios sonhos? Deve ter sido entre o adeus na formatura do colegial e a entrevista de primeiro emprego. No meio do caminho, eu não sei onde fui parar. Minha cabeça se esvaziou daqueles pensamentos juvenis, e de repente o que eu ouço batendo dentro da cuca é o despertador de manhã. As contas no final do mês. E a bolsa de franjas, que eu não vou poder levar esse mês.

Não foi esse o plano. Eu tento sorrir, e positivar esses percalços infinitos que surgem entre as esquinas dos meus dias. Mas tem sido duro. Cair da nuvem mais alta, de cara, no chão gelado da realidade não é nenhum pouco bonito.

As multidões me causam estresse. Eu tenho preguiça das pessoas. A faculdade é um saco. Respirar fundo no trabalho tem se tornado um hábito. Não é a vida que eu desenhei nas madrugadas da minha infância. Não era isso.

Eu sei que pareço uma criança mimada reclamando desse jeito, eu sei. Já pensei em jogar tudo pro ar, já me imaginei longe disso tudo. Mas eu posso estar aqui, em Londres ou no deserto do Egito, vou continuar me sentindo assim, pela metade, insatisfeita.

O que eu faço então? Pois é, não faço a menor ideia. Pode parecer a maior loucura do mundo, mas eu vou ir com a brisa, aonde esses ventos (que não vão com a minha cara) me levarem. É o que me resta.

Olha só, já é hora de enfrentar os leões lá fora. Hora de vestir qualquer coisa limpa e colocar um sorriso na cara. Quem sabe não é hoje que o destino me reserva uma surpresinha? Quem sabe... Afinal, pelo menos a esperança eu tenho que deixar respirando.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Percebi que me amei


Ontem vi aquele cara, com a nova namorada perto da orla, sentados em um daqueles bancos que tem por lá. Olhando pros dois, e principalmente pro comportamento dele, eu ri de mim mesma por um dia ter chorado por aquele par de olhos claros, tão grandes e mentirosos. No impulso peguei o celular e chequei o perfil do casal 20, no dele, fotos e declarações, no dela, fotos de amigos, e de amigos dos amigos, entalado de comentários um tanto quanto misteriosos pela linha do tempo, se é que me entende. E de novo eu ri de mim mesma, por me lastimar em ter "perdido" a briga pra ela, por ter deixado escapar a chance de amar. Ingenuidade sem tamanho essa minha. Ou burrice momentânea, ou sei lá, só a pureza de coração de quem ainda acredita que existam pessoas boas de verdade.

Mas não é sobre um idiota e sua barbie que quero falar, mas sobre o que passou na minha cabeça vendo aquela cena, por que, é engraçado eu olhar pra isso, sabe, e pra tantas outras decepções vida a fora, e ainda conseguir rir de mim. Entende que é essa a magia que eu não quero perder? Me olhar no espelho e achar fofinho o meu sorriso meio torto. Fazer a barriga de alguém doer de tanto achar graça da minha cara e dessas minhas bobices de quem está no meio da ponte entre a inocência de garota e a esperteza de mulher. 

Eu quero continuar entre um tombo e outro tentando sobreviver do meu modo. Nem que seja preciso mudar o rosto o cabelo e a maquiagem, a banda preferida, o cheiro e o jeito de andar, assim, só pra não enjoar de mim mesma. Fazer amigos sem me esforçar tanto. Conquistar com o cabelo desgranhado, o rosto lavado, mas um bom papo. Contemplar o céu, o mar, os olhos do mundo. Enxergar a vida em outros papeis. Sair da rotina, da monotonia. Rir na mesa do bar, na sala da faculdade, no refeitório do trabalho, no sofá com as amigas, no carro com meus pais. Ver a vida e querer vê-la, e mais ainda querer vive-la. Quando eu conseguir sentir e fazer as coisas serem exatamente assim, vou poder estufar o peito e gritar pro mundo: EU ME FIZ SER FELIZ.