terça-feira, 27 de novembro de 2012

Esperando


Passou por mim aquele cara da rua 15, o bonito com jeito de moço de família. Ele me olhou, deu um sorriso de canto e seguiu. Minhas amigas quiseram me matar por não ter aceitado o convite dele, pra cair na night outro dia. Engraçado, de repente todo mundo resolveu que eu preciso de um cara na minha vida, de preferencia pra ontem.

No auge da minha adolescência eu concordaria, e até ficaria depressiva por tal motivo, mas agora? Poxa, eu já passei dessa fase. Na verdade o vestibular na semana que vem é que me preocupa. Colei  meu rosto nos livros, e sou interrompida  por sms de meia em meia hora, do tipo: " amiga, o matheus da farmácia perguntou seu numero, posso passar?" ou então: " tô arrumando você pro meu vizinho, na festa sábado ok? ". Amigas amigas, as vezes ajudam, mas ás vezes perturbam, até demais.

Minha resposta  pra este tipo de pergunta nos últimos meses tem sido um sonoro não. E de cara eu tenho que aguentar um monte de desocupados falando que eu sou metida, arrogante e coisa do gênero. E antes que alguém solte aquela perguntinha chata sobre eu ter medo de acabar sozinha, já vou dizendo que medo eu não tenho. Eu tenho é uma pulga atrás da orelha quando vejo esse amor tão fácil que andam pregando por aí. O "pra sempre" de três meses, na verdade tem me feito rir.

Desde que escrever virou um vicio na minha vida, eu traço metas todo final de ano. E a primeira lista tinha quatro itens relacionados á encontrar alguém, ter um namorado, coisas assim. E de lá pra cá, os item com esse tipo de assunto foram diminuindo, até a lista do final do ano passado:

  • Tirar a carta de motorista
  • Tratamento capilar
  • Tratamento dentário (finalização)
  • Prestar vestibular
  • Me importar menos 

E só. Não vou mentir, dizer que sou um iceberg, que não tenho sentimentos. Claro que tenho. Mas sabe, vai passando a vida na sua frente, e você vai aprendendo a medir a intensidade de cada coisa dentro de você, e ser mais razoável no que diz respeito ao coração.

Resolvi acertar os ponteiros do que eu alcanço: vida profissional, minha relação com amigos e família. E deixei meu eu romântica sentada num banco por aí. Li em algum lugar que o amor é um bichinho felpudo vermelho que foge dos desesperados. Peguei pra mim a teoria, e tô aqui, seguindo minha vida e guardando todo meu sentimentalismo pra esse cara mega especial que vai aparecer na esquina, ano que vem, mês que vem, ou hoje, quem sabe. O tal cara que vai ter alguma coisa na cabeça, grandeza de coração, e que vai me fazer rir de verdade. 

Daí eu busco o meu eu que tá lá sentada em um banco, e vou ficar feliz por mim, e não por que minhas amigas legais e dramáticas achem que eu precise. Afinal eu sou feliz. Mas sei que quando aquele cheiro de romance estiver no ar eu vou ficar ainda mais feliz, e mais e mais cada dia. E que assim seja.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Simples felicidade

Era final de 89, e meus pais batalhando duro pra eu ter uma vida melhor que a deles. Foi naquele ano que você se mudou pra minha rua, sua família abriu o mercadinho na esquina, e nossas vidas meio que se encontraram.

Com meus 15 anos, eu idealizava a vida fácil que eu teria, um mundo seguro, a felicidade constante, e tudo de bom que pode haver. Te olhando da janela da minha casa, nem passava pela minha mente juvenil quantas coisas complicadas o destino reservava para nós, na verdade eu nem cheguei a imaginar que iria existir um nós. Quando sem querer seu olhar pousou no meu, eu senti uma pontada no coração, uma coisa esquisita que eu não sabia explicar, foi sutil, mas me fez pensar em você mesmo sem te conhecer direito, e começar a frequentar o mercado muitas vezes por semana.

Naquela época era diferente de como é hoje, meu pai era rígido como ele só, e os rapazes o respeitavam muito, e você mesmo acabando de chegar, já sabia como a banda tocava por ali. Mesmo o bairro todo comentando que nossa amizade iria parar no altar, nós riamos e conversávamos por horas a fio, sem nem ligar para o que o mundo dizia daquilo. Mas quem estávamos a enganar ? Foram uns olhares, e um encontro por acaso no parque, e pronto, estávamos apaixonados. A tal amizade foi só um caminho pra você ter coragem de pedir formalmente ao meu pai a minha mão em namoro, e dali dois anos, pedi-lá novamente, mas desta vez, em casamento.

Uma casa de dois cômodos, eu com 18 você com 21, era o que queríamos fazer, mas não sabíamos que seria tão difícil. Trabalho, e mais trabalho pra pagar contas que em menos de um ano já se tornaram motivo de crise entre nós. Matrimônio é lindo no ultimo capitulo das novelas, mas na vida real, a coisa é bem mais complicada, os dias são bem mais longos, e as crises bem mais difíceis. Mas a gente seguiu, tropeçando entre as pedras no caminho, continuamos.

Acalmaram-se os problemas, e dali alguns meses um bebê começaria a chorar  no quarto ao lado no meio da madrugada. Eu fiquei com medo, acordei durante muitas noites preocupada se sua mãe tinha razão quando disse que éramos muito novos pra uma vida de verdade, mas você me olhou sereno e disfarçando o próprio medo me disse que iriamos conseguir. Ela nasceu, e quando eu senti aquele corpinho pequeno e delicado em meus braços, tive certeza que a amava mais que tudo, e ver você babando naqueles olhinhos negros, me fez perceber que seu sentimento não era muito diferente do meu.

Formamos nossa família, com nossas crianças correndo pela casa, e dividas que agora não nos tomam tanto tempo de sono. Ficamos bem, mesmo com as tempestades que passaram sobre nossas cabeças nesses 20 anos de casamento.

Quando a gente é novo com a vida pela frente, planeja tanta coisa diferente. E aí, aparece um garoto magrelo na esquina e tudo muda. A tanto tempo sua facilidade de me tirar sorrisos me conquistou, e agora, com alguns fios brancos na cabeça, você ainda me faz rir, mesmo no meio de uma discussão pelo controle remoto. Um amor de verdade dura mais tempo do que eu pensei. E aquele frase que eu vi na traseira de um caminhão é a pura verdade: " A vida é uma subida, mas a vista é linda."

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Hipocrisia intelectual


Tem esse filme que vendeu milhões em apenas dois dias. E tem os desocupados que sentem necessidade de ter algo pra criticar.

A internet é uma ferramenta maravilhosa todos concordam, nós precisamos de qualquer informação e temos ali, em um instante. Sem falar na facilidade de comunicação com as pessoas ao nosso redor, e ao redor do mundo. Mas por outro lado, tem essa coisa de alguns acharem que estão imunes á real verdade do que são. E consequentemente viverem fingindo uma vida na web que não existe.

Eu passei a ultima semana inteira lendo comentários sobre o tal filme nas minhas redes sociais, mesmo sem querer eu fui bombardeada de frases de efeito e coisas com um humor não muito rotineiro, eu diria até agressivo.

O que me surpreende é que esse meteoro de pessoas á favor e contra algum assunto sem importância aparente, ocorre sempre. No final da novela das oito, ou por causa de um jogo em uma quarta qualquer. Eu vejo gente falando sobre o que achou, e vejo gente que tem prazer em ser superior (ou achar que é) por não concordar com o que a maioria diz, ou com que a maioria faz. A grande sacada dessa década é " se todos fazem, com certeza é porcaria". Já vi amigos meus, apagarem certas músicas do celular, só por que viram em alguma página de ideologias deste século que tal som, não é o que a sociedade deve ouvir. Ou seja, tudo que vira "hit" no país, automaticamente vira lixo.

A questão aqui não é dizer se quem está certo é quem vai com a massa, ou quem nada contra a maré. Mas sim, que devemos gostar, vestir ou ver, aquilo que nós realmente queremos. Você não vai ganhar mais amigos por que usa o boné com aquela estampa que virou febre na internet. E nem vai ser mais inteligente por que não assistiu o ultimo filme da saga mais famosa da atualidade.

Quando você fizer coisas pra si mesmo, e coisas que somam na sua vida por favor, aí sim vai conseguir algo que realmente seja importante. Comece abrindo um livro que preencha a mente de um jeito bom e real. Eu recomendo a bíblia.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

É fácil, é simples, é amor


Sou a velha de 18 anos da minha turma, sempre fui. Com esse ar rabugento reclamona que eu quase me orgulho de ter. Ouvindo discos dos anos 80. Baixando Bon jovi no meu celular fácil de mexer, que eu demorei muito pra achar (todas as lojas só vendem aqueles com toque na tela que eu tenho preguiça da dificuldade). Eu nasci na época errada, na década errada. Eu ando por aí no fim de semana e tenho certeza que queria ter vivido nos anos do cabelo black power.

Me senti deslocada todos os anos desde que nasci, ficando confortável só depois que pude conversar com gente mais velha, com assunto mais "adulto". E hoje, me entendo somente com os amigos dos meus pais, que agora são meus amigos. Até cinco meses atrás, quando te encontrei numa loja de 1,99 comprando um fone novo pro seu Ipod, enquanto eu estava á caça daquele abajur floral lindo com cara de antigamente. Você deve ter me achado bonita e burra o suficiente pra tentar aquela cantada barata do borracheiro.

Eu te achei babaca por um segundo, mas você disse que queria ser sincero pra falar comigo, e que não era bom em cantadas, mas que se eu quisesse sentar no café ao lado e conversar com o cara que você era de verdade, ele seria sincero e menos idiota. Eu aceitei. Sempre tive um eu curiosa que não pensa nas coisas direito. Fiquei muito instigada com seu jeito, e claro que o seu sorriso brilhante e sua voz meio rouca nada teve a ver pra eu ter aceito seu convite. E que belo convite.

Você não gostava de Beatles, nem de filmes do DeNiro, e nunca tinha ouvido falar de Woodstock. Mas seu riso fácil era bom de ouvir. E seu interesse real sobre mim foi diferente, e bonito. Juro que tentei disfarçar o entusiasmo de ter alguém com menos de 30 anos achando graça do meu jeito de ver essa vida. Mas não deu. E que bom que não.

Eu ainda tento te convencer que Cold Play nem chega aos pés de Rolling Stones. E ainda me esforço pra sair com seus amigos e as namoradas frescas deles. Mas faço isso feliz, suave.

É, eu me encantei. Mesmo você ouvindo sertanejo. E assistindo jogo loucamente aos domingos. Mesmo você nada tendo a ver comigo. Eu gostei de você. Por que você gostou de mim. E a gente ficou nesse gostar infinito. Que eu teimo em não chamar de amor. Só pra ver você teimando comigo dizendo que é. Sempre foi. E sempre vai ser. Nosso lindo amor.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O que vem agora?

Daqui três semanas faz um ano que eu tenho 18. Engraçado, eu sempre pensei nessa idade como um marco, um passo gigantesco. Faculdade, emprego, amor. E claro, independência, a frase batida de adolescente problemático "Não vejo a hora de ser maior de idade e fazer o que eu quiser."

Bom, faz um ano que eu sou responsável pelos meus atos, e quase nada mudou. Uns cremes á mais na penteadeira, um gosto musical mais aprimorado, a carta de motorista. Isso foi importante. Afinal descobri que dirigir é mais legal do que pensei, mas seria bom de verdade se eu estivesse no controle da minha vida. Eu não esqueci as duvidas que atormentaram minha mente desde o dia que eu comecei a olhar diferente pro garoto com cabelo bonito da minha sala na quinta série, porém eu não choro no meu quarto por causa delas mais, eu só penso, buscando respostas enquanto passo as minhas sete camadas de rímel.

Embora as vezes eu ache que cresci o suficiente pra cuidar de mim mesma, alguns detalhes piscam na minha mente dizendo que ainda não sou adulta. Ainda peço grana aos meus pais aos sábados, e é claro que não tenho como comprar um carro pra andar por aí com minhas amigas dentro. È difícil conseguir emprego, e escolher o que eu quero pro resto da vida é muito mais.

Coloquei minha cabeça no lugar, isso é fato. Enquanto antes de terminar o colegial eu não tinha dedos pra contar minhas paixões anuais, agora eu forço a mente pra lembrar de alguém que tenha realmente mexido comigo. Se isso é bom ou ruim, não sei dizer. Mas as alegrias do meu coração são maiores que as tristezas, e com certeza isso faz bem. Pro corpo e pra alma.

Eu comecei a enxergar que a vida caminha diferente pra cada um, conheço pessoas que estão casadas e formadas com apenas 21. E outros que tem 40 e ainda não sabem o que querem. Espero que eu não demore este tempo todo pra decidir. Acho que até já sei na verdade. Nada que seja tão complicado, o que eu quero mesmo é simples. Carreira, alguns muitos sorrisos pelos dias. Um par de pernas pra caminhar ao meu lado. No parque, no lago, na vida. Todo mundo no fundo só espera por isso, um pouco de felicidade pra deixar mais doce o tempo que passamos aqui nesse mundo.

Daqui três semanas vou fazer 19. Quero uma comemoração, chamar uns amigos, me divertir, celebrar essa data. Talvez a partir daí minha vida comece a mudar de verdade. Carro, emprego, faculdade. E finalmente um amor real e bonito. E eu não precisei fazer 18, 19 ou 20 pra saber que esse ultimo da minha lista, é o mais querido, difícil e complicado de conseguir.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Nós

Nos vimos outra vez. No ônibus, voltando pra casa depois de um dia de reclamações atras do balcão. Ele olhou pra mim com o mesmo olhar maroto de uns anos atrás. Sorriu. Veio em minha direção. Cambaleou com a esquina fechada que o motorista pareceu fazer por graça. Nós rimos. E em um minuto a nossa ligação é restabelecida, como se todos esses meses sem saber nada um do outro, simplesmente desaparecessem.

Ele ficou em pé, do lado do banco que eu estava sentada, tentando inutilmente me dizer alguma coisa, eu balancei a cabeça e ele me entendeu. Muito burburinho, impossível conversar. Um senhor entrou no ônibus, e a obrigação de ceder o lugar se juntou com a vontade de chegar mais perto dele, menos de um segundo e eu estava em pé. Ficamos lado a lado. Rodeados com as perguntas de sempre. Sobre o emprego, a faculdade, aquele evento bacana que aconteceu outro dia.

Nossos olhos se achavam facilmente, como nunca deixou de ser. E de repente me vi desejando que aquele ônibus andasse pela cidade inteira antes de chegar na casa dele. Que aquela viagem nos fizesse voltar pros nossos dias. Longe de todo o mundo lá fora. Só nós e essa conexão infinitamente forte que nos une.

Onde foi que nós perdemos mesmo? Eu nem me lembro. Acho que fiz questão de esquecer. Questão de ficar só com o que me fazia querer aquele abraço por tanto tempo. O melhor abraço, e o melhor de tudo de bom que pode existir nessa vida. Era dele, era com ele. Só com ele.

Com um oceano entalado na garganta, ele me olha, e encosta a cabeça no apoio do corredor. Me enxerga por dentro e por fora, e entre um suspiro e eu leio a palavra saudade na sua respiração. Aposto que meu sorriso infantil já denunciou o mesmo sentimento no instante em que o vi.

Mas o ônibus para, antes que pudéssemos resolver qualquer coisa que nos impede de ser um do outro. È hora dele descer. E meu coração lateja vendo se esvair mais uma chance de sermos felizes como antes. Ele diz que vai me ligar, que a gente se vê por aí. E eu fecho os olhos pedindo em oração que nos encontremos por aí, por ali, e por aqui. Suplicando em prece que essas pequenas coisinhas que nos afligem, se percam pelo caminho. Enquanto não, fica essa lacuna entre a gente e um céu inteiro de lembranças.

Nem vem tirar meu riso frouxo

Eu to andando por aí com meu carro usado. Bem pouco fútil, bem pouco caro. Andando pelas ruas agitadas  com um ar de quem acabou de comprar um sapato incrível. Meu cabelo tá solto, e eu mais solta ainda. Minha cara lavada mostra a beleza que eu sei que tenho. Não por egocentrismo, não por me achar melhor, mas só por gostar do que eu vejo no reflexo, agora um pouco mais que antes.

Não pareço em nada aquela garota metade que eu fui. Metade bem, metade feliz, metade alguma coisa que não fazia diferença no mundo. Sem planos. Sem metas. Eu pensei em empurrar a vida. Em deixar ela me levar. Sentada, parada, só olhando, e não vivendo, como é claro que tem que ser.

Mas uma coisa batucou aqui dentro, quando eu olhei pros lados e vi que nada espera quem não quer andar pelo caminho que leva pro futuro. Eu vi que ninguém espera, todos continuam. Só eu ficaria concretada nesse medo do mundo, do novo. Só eu restaria do fundo desse poço de desânimo e falta de esperança. E que lugar triste de estar.

A gente caminha um tanto na vida pra achar coisas que nos façam bem. E cair nas esquinas faz parte. Levantar depois de alguns quarterões é necessário. Pra cair de novo, e de novo. Por muitas vezes pelo trajeto. Mas é isso. A vida é isso. Um eterno recomeçar.

E eu passei a ser melhor quando entendi isso. Começou a ter um brilho dentro do meu eu, que agora reluz o meu querer estar no mundo cada dia mais viva. Mais aparente. Sem que nada tire minha alegria. Quero que o resto me veja e queira estar tão bem quanto eu. Por mais que o destino me reserve algumas quedas. Quem me conhece sabe, na minha vida tem uma placa que sinaliza a minha verdade: Eu sou feliz. E ponto.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Você no meu HD

Fim de domingo. Aquela sensação de não ter feito nada de novo em mais um final de semana. Amanhã começa tudo outra vez. Despertador. Café. Ônibus. Rotina. Parei de olhar nas esquinas, elas me fazem lembrar da sua teoria de um novo renascer em cada uma delas .Coisa boba, sem sentido, mais uma vez fazendo meu pensamento voltar pra você, pra sua voz, suas frases. Então comecei a ignorar as esquinas. Som no fone, olhos pro nada. Alguém passa do meu lado, alto, olhos claros, cabelo bonito, cheiroso. É…o seu cheiro. A memoria não perdoa, e lá vem abraços,e sono fingido no colo, no peito. Viro o rosto, finalmente cheguei. Desço do ônibus, ando umas ruas. Prédio. Portas. Elevador. Musiquinha de fundo engraçada. Sua risada no meu ouvido. Seu halito de hortelã. Você. Você. Você. Me seguindo pelos cantos, nas lembranças. Sento na minha mesa. Papeis,anotações, trabalho chato pra fazer. Gente estranha. Piadas batidas. Riso forçado. Fim de expediente. Alguns minutos e chego em casa. Meu sofá. Sua pernas nas minhas pernas. Banho. Miojo no jantar. Sono. Cama. Sonhos. Você. Você. Você. Comigo, em mim. Quase real. Mas não. Queria era parar de voltar só para as coisas boas, momentos bons. Queria lembrar por que foi embora. Queria entender por que sinto saudade, e por que não está aqui. Queria seguir com minha vida monótona e minha rotina maçante, sem olhar pra cada lugar lembrando de você. Mas quero tudo isso superficialmente. Lá no interior do meu coração machucado,de verdade eu quero você. Sem memorias. Sem dor. Só seu amor simples. Tão suave. Tão leve. Tão meu.

She will be loved


Sabe...Talvez eu tenha sido um pouco dura comigo mesma, talvez os mares agitados não mereçam tanta preocupação, e os ventos que fazem as janelas balançarem não sejam dignos de lágrimas na calada da noite.  Quem sabe os verdadeiros motivos do choro e da insonia, estejam já com o prazo de validade, e eu esteja sofrendo por coisas pequenas. Quem sabe o meu coração já foi concertado, e todas as cicatrizes estejam mais suaves, acho que nem dá para vê-las mais.

Olho pela vidraça já embaçada, e lá longe as folhas estão caindo, como cada parte do meu corpo nos dias frios e chuvosos que tua ausência pousou em mim.

Respingos no assoalho me lembram o chão do banheiro em todos aqueles meses que passei, com uma linha de vida, apenas uma fagulha de esperança, apenas um suspiro que por vezes me acalmava. As folhas de caderno com seu nome e uns corações queimaram rápido na lareira, e pela ultima vez algo que vinha de você me esquentava, tão raso comparado a todo sentimento que tínhamos.

Deixamos tudo ir por tão pouco, caindo das nuvens numa velocidade assustadora, e cortando em mil não só o coração mas tudo. As idéias as vontades, os sonhos. È, talvez eu realmente tenha sido dura comigo mesma, nada daquilo foi culpa só minha, estávamos os dois na beira do abismo, e eu me joguei, esperando sua mão na minha. Tive que encarar o concreto sem você, e vê-lo, lá debaixo. Você teve medo, e eu vi naquele momento o abismo que nos separava, e que separava nossos sentimentos tão diferentes, e tão desproporcionais.

Eu me concertei sozinha, e fui dura comigo mesma. Porém, olhe pela vidraça embaçada, aqui dentro estou de pé, não há mais lágrimas em meus olhos, e nem culpa dentro do meu coração.
Não importa quanto tempo demorei pra me recompor, estou viva, e pronta, pra um novo começo. E que por gentileza, dessa vez, seja doce, e verdadeiro. Melhor que isso, só durando até o fim da vida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Se jogue moça

Então ele vem com aquele papo que você esperou a vida toda pra ouvir, as palavras saem ainda mais bonitas quando ele usa a melhor entonação da própria voz, e você nem sabe mais se sorri, se chora ou se fala alguma coisa bonita também. E você acha que não dá pra ficar melhor, e ele olha dentro de você, te consumindo inteira, e diz que te ama, e que é diferente, que você pela primeira vez na vida é unica pra alguém. Ele te fala dos planos que tem e das vontades, fala que vai comprar um carro e te levar a praia, e que seria ótimo ver seu sorriso lindo em frente ao mar, e você pensa "meu Deus dá pra caber mais felicidade dentro de mim?". 

Mas aí, ele vai pra casa, e você começa a pensar em tudo, e por sei lá qual motivo banal e idiota começa a por a prova o sentimento dele, e começa a pensar que ele diz a mesma coisa pra todas as garotas, que não é verdade, que não é real o que ele te diz, mesmo que ele nunca tenha te dado motivos pra duvidar você duvida e estraga tudo.

Menina boba que foi usada tantas vezes, que acreditou e no final acabou chorando sozinha, você bate no peito dizendo que cresceu, que não é a mesma, mas continua com os mesmos medos, continua a perder as chances de ser feliz por um passado de promessas quebradas. Quando você vai se soltar menina? Quando? 

Ele está aí na sua porta, confuso por que você mandou uma mensagem estranha pra ele, e você não quer abrir seu coração, nem a porta que a essa altura ele já bate desesperado… Mas por favor menina, vá até lá, e diga que esta tudo bem, e o beije com todo o amor que existe aí dentro. Vai valer a pena se arriscar você vai ver. Não tenha medo da felicidade, ela é boa, e bonita demais pra deixar na gaveta.

Mentiras, mentiras

Barulho irritante do relógio. As batidas do meu coração aceleram, e uma coisa estranha começa a mecher no meu estomago. Os amantes chamariam de borboletas, eu chamo de "muito  doce de goiaba do café da manhã". Não acredito em borboletas no estomago, nem em sinos tocando durante o beijo, nem em nada que tenha a ver com qualquer teoria sobre paixão.

Mesmo batendo o pé freneticamente cada vez que o celular dele dá fora de área, eu sei que não é amor. Até mesmo sentindo meu rosto pegando fogo quando uma amiga dele vem cumprimentar com um beijinho um abraço e o escambau eu sei, sei que não é nada o que sinto por ele.

Não nego que minha mão fica um pouco suada quando estamos juntos, mas ora, sempre transpirei mais que o normal, isso não pode significar alguma coisa.

Perder o sono quando ele não responde meus sms? Ah por favor, sempre tive insônia desde pequena, estar pensando nele quando a insônia ataca é só um acaso maldito. E na vez que andei a cidade inteira pra comprar um presente de aniversario pra ele, foi por que sou muito perfeccionista, com absolutamente tudo.Sei que não estou apaixonada por ele, nunca fui disso.

E agora,meu coração bate descompassado por que o barulho do relógio me irrita, não tem ligação  com o fato dele ter dito que queria conversar um assunto sério comigo. Afinal só pessoas que amam se desesperam com esse tipo de frase. Eu não. Imagina. Que besteira. Não me importo com isso, não mesmo. Bom, eu acho.

Aquela velha historia


Tinha que ver ele tentando me convencer que não tinha sotaque, curitibano nato do tipo mal educado que sai com uma blusa na mão mesmo com um sol de vinte e cinco graus (lá não faz mais calor que isso) e eu terminando as frases com leite quente no dente da gente só pra ver a irritação, o franzido na testa e aquela risadinha irônica tentando me convencer que estava nervoso, mesmo eu sabendo que pra vê-lo com raiva mesmo tinha que fazer bem mais que zuar o sotaque curitibano dele.

Nunca fui de desconfiar de ninguém, não sou a louca ciumenta que fuça as redes sociais e dá uma de stalker profissional, eu confio ou não confio. E eu confiei nele, por que achava que podia. Eu sempre tão esperta falando sobre literatura, ciências e arte moderna, me achava a sabe-tudo, olhava no olho dele e tinha certeza que ele era meu e que cada palavra era docemente verdadeira. Burra,burra,burra.

E minha fantasia de amor perfeito caiu naquela tarde de sábado,ele no jogo como sempre, eu idiota resolvi ir lá fazer uma surpresa. E fui surpreendida. Ele não estava lá, perguntei pra uns caras se alguém sabia onde ele tinha se metido e senti o chão afundar quando um deles respondeu: "Ele saiu com a namorada dele, vem jogar só nas quartas agora.” Namorada. Dá pra acreditar? O engraçado é que quando eu comecei a ligar os pontos eu percebi em letras grandes na minha testa: OTÁRIA. Tudo fazia sentido, ele não me deixava ir na casa dele (mãe implicante), quase não saíamos nos finais de semana (ele dizia que estava cansado e eu acreditava).

Rodei meio sem rumo,e resolvi ir no parque que a gente ia sempre, e claro, ele estava lá com ela. O mesmo lugar que ele dizia ser único e especial pra gente. Abriu um arrombo no meu peito. Eu quis sair correndo mas as minhas pernas não me obedeceram e continuaram a andar na direção deles. Parei quando ele podia me ver. O rosto dele parecia de uma criança que foi pega roubando doce da geladeira. Me deu vergonha dele e vergonha de mim por ter sido tão tola. Virei as costas e fui andando como se nem me importasse, claro não me importaria em ver todas as promessas e toda aquela baboseira de até o fim se quebrando ali bem na minha frente. Catei os meus cacos espalhados no caminho de volta pra casa, e esperei ele vir se explicar, eu sabia que ele viria.

Criei o ultimo diálogo que teríamos umas dez mil vezes, ora com mais raiva, ora com indiferença. E depois de uns dias ele veio. Tão previsível. Bateu na minha porta, minha mãe atendeu dizendo que eu não iria falar com ele, então ele começou a berrar na varanda da minha casa “Eu terminei com ela. Ela não me conhece como você, não significa metade do que você significa pra mim, ela não sabe...”- Eu não aguentei e o interrompi descendo as escadas, e com o tom mais alto do que eu gostaria: “Chega C-H-E-G-A! Não quero ouvir mais nada de você,vai embora. Por favor.” Eu o olhei e não conseguia ver mais o cara que eu tinha namorado por oito meses,era como se ele fosse um…um estranho. Eu desci mais uns degraus e falei calma- “Não dá, eu nem sei quem é você. Agora vai,sai da minha casa. Sai da minha vida”. Eu virei as costas, comecei a subir pro meu quarto e escutei a voz miúda dele quase sussurrando: “Mas eu te amo, eu,eu  te amo”.
 Não acreditei nele. Minha mãe me ensinou a duvidar de estranhos. Ele disse que me amava, eu não respondi. Aquela velha historia nem existiu realmente, mas tivesse existido, ali ela tinha acabado de terminar.

Amor made in china

Eu olhei pra você com seus cabelos de cinema e olhar penetrante, e soube logo de cara que não devia me meter com você. Meus sensores gritavam "problema! problema" e eu fingi não ouvir. Te dei a mão e você me mostrou uma vida cheia de coisas reluzentes e lindas. Eu não conhecia esse lado da vida. Eu nunca tinha visto nada mais emocionante que o musical de fim de ano na tv do meu quarto. E você me levou, correu comigo pelas ruas sinuosas, e eu me dei. Inteira, ou quase inteira. Sabe quando a gente pensa: "Isso é que o amor. Tenho certeza." ? E depois descobre que amor não tem nada a ver com o que pensamos que era? O amor é maior, e melhor que aquele meio minuto de conversa que você se dedicava á mim. 
Eu fiz ser amor antes de ser.Coloquei o pó sincero de tudo de melhor que há, onde não havia nada. A velha mania incontrolável de planejar o que nem começo tem. Como somos tolos jogados nessa imensidão de sentimentos nem sempre tão bons. Acho que percebi onde me meti quando olhei em seus olhos e não vi nada além de olhos. Brilhei com tão pouco e você continuava o mesmo, intacto. Como dói perceber que cometemos meros erros banais, que nos fazem lacrimejar a toa. Ser humano é fraco mesmo. Luta pela igualdade, por um emprego, por um lugar ao sol, e cai no primeiro desamor que encontra. Mas um dia eu aprendo, faço toda essa espera valer alguma coisa, conto um acerto pelo menos.Ou não. Mas se não, eu acostumo de novo e de novo com esse ciclo de coisas que não deram certo, e com esse vazio que dá no final de cada historia sem começo.

Gente grande

Carros,pontes e faróis no meu rosto. Cidade grande pela janela do taxi, e pela vista do apartamento minusculo do centro. Ruas agitadas, prédios espelhados. Gente apressada em baixo desse céu cinza. A vida passou tão rápido nesses três anos. Faculdade. Independência. Emprego novo. Tudo assim de repente.

Quando vou ali na padaria sozinha e coloco meu óculos apressada saindo as 7:15 da manhã, me sinto ótima. Responsável. A protagonista dos meus filmes preferidos. Mas a noite vem. Os domingos de manhã vem. E vem junto a saudade do calmo, do colo, e de tudo que eu deixei antes de vir atrás desse objetivo maluco. Antes sonho inalcançável, agora realidade quase que inacreditável.

O feriado chega daqui duas semanas. Vou passar uns dias lá. Onde eu tracei meus planos. Na varanda ensolarada daquela casinha com cheiro de comida as dez da manhã. Vou indo com aquela saudade de tudo que é simples e incrivelmente bom. E depois da folga, vou voltar pro apartamento pequeno da cidade nublada. Ouvir Ed Sheeran e chorar com os pássaros no começo de The a Team. Lembrar das arvores grandes que só existem perto do meu verdadeiro lar. Mas passa. Essa síndrome do Peter Pan querendo ser criança pra sempre dá lugar a garota sonhadora que quer uma vida melhor. E maior. Buzinas noturnas invadem meu quarto e eu pego no sono repetindo aquilo que eu quero acreditar: Vai valer a pena, eu sei que lá na frente cada segundo sozinha nessa mundo que não é meu, vai ter valido muito a pena.

Idiotice em forma de coração

Eu não sei mais. Aquele brilho no olho, o sorriso de lado. Eu não sei. Desaprendi das coisas de amor. Esqueci acho. Acostumei com o sorvete sozinho na mesa da lanchonete. Só eu e eu mesma. Parecia bom, normal pro meu cotidiano de sempre. Acho que não esqueci. Nunca soube mesmo. Achava que sabia qualquer besteira sobre. Coisas que eu ouvi ou vi em musicas e filmes de colegial americano. Mas sobre sentir, não me lembro da sensação. È estranho de repente eu ter medo disso. Desse amontoado de sentimentos que eu nunca senti. Não me vi tão perto dele em toda a minha vida como me vejo agora. E me assusta. Me deixa acoada no cantinho da minha mente. E eu coloco mil poréns, sobretudo e entre tantos, pra não deixar que ele chegue mais perto. Pra não ter vontade de puxá-lo pra dentro de mim. Me sinto idiota por isso. E me sentiria mais idiota se me jogasse e deixasse simplesmente isso tudo fluir. Sei lá. Vai ver essa historia besta de amor é isso mesmo. Uma montanha de coisas idiotas, praticados por idiotas. Esquisito. De longe todos esses idiotas parecem felizes. E talvez eu queira ser idiota também. Só um pouco que seja.

O resto do meu eu

Eu ri quando olhei pra você sem graça escorado na porta, como se me perguntasse com os olhos se sua presença era inoportuna ali, aqui ou mim. Me impressionei com tantos por favores, obrigados e com licenças que saíram da sua boca, enquanto eu escancarava meu humor meio sarcástico meio infantil de ser, gesticulando e falando alto como garota fina que sou. Achei um saco andar com você alguns metros tentando faze-lo falar algo que não fosse coisas como “eu imagino” ” que legal” “é mesmo”. Minha mãe sempre disse que eu ia me estripar com esse jeito hiper comunicativa ligada na tomada. E foi mesmo, cai na pior armadilha dessa vida. E faz de conta que ninguém sacou que eu estou falando pura e simplesmente daquilo que começa com “A ” e termina com “mor”. O fato é que você é todo certinho, arrumadinho, lindinho. E não combina com seu 1,85 de altura. Se eu te visse na rua, olharia com interesse pensando que você fosse um homem forte e protetor. Mas não, você é esse redondinho cheio de marcas, tentando se encaixar de algum jeito, me fazendo rir das suas piadas sem graça nenhuma. Isso é que atrai, você é calmo e quieto. Me desacelera, me cala quando é preciso. E eu te animo, te levo pro alto, no ápice da alegria. Eu te faço feliz intensamente correndo e girando como louco. E você coloca sorrisos infinitos no meu rosto em cima do seu peito, no encaixe sereno no seu abraço. Tem um brilho escondido, que só eu vejo. Isso é magico. E você é único. Feito sob medida, entregue na porta da minha vida. Só pra mim.